quinta-feira, 17 de março de 2011

Paciência Ativa e Consciente


Ninguém ignora - vamos admitir - que o ser humano é por si impaciente. Esta é uma das deficiências do caráter que mais dificultam e até impedem o homem de levar adiante seus propósitos de melhoramento.

Quem por efeito dela se acomoda sob a impressão da impotência e do desalento, aniquila suas próprias forças. Em tais condições, a luta faz-se dura e é muito fácil, vencido já, cair-se na desesperança. Este é o fim dos impacientes, dos que não souberam coordenar suas forças internas para enfrentar a adversidade, que a cada instante oferece um novo campo de luta.

A paciência, considerada como fator de êxito nos empregos úteis do esforço, não deve sofrer limitação em sua expressão dinâmica se se quer obter por meio dela o que cada circunstância exige como tributo de tempo. Para poder apreciar isto é mister entender claramente não ser a paciência uma virtude, quando se apresenta sob forma da passividade, o que acontece quando o homem se limita a esperar que as coisas se resolvam por si mesmas, pretendendo lhe sorria a Providência e, como prêmio à constância de esperar sem nada fazer, lhe chegue o que deveria ser fruto da razão e do empenho.

A paciência, como virtude, há de ser ativa e consciente. Para dotá-la de tais qualidades requer-se estabelecer uma ordem no domínio das realizações, porque a elaboração de um plano há de preceder a condução paciente e inteligente do esforço que deve intervir em sua execução. Essa paciência há de acompanhar o ser até o resultado final, por ser a energia que sustém o esforço até sua feliz culminação.

Mais de uma vez já dissemos que a paciência cria a inteligência do tempo; dever-se-á entender que nos referimos à paciência de quem sabe esperar. Isto significa que, quanto melhor compreendamos seu valor, maior será a eficácia com que nos servirá o tempo, dando-nos por outra parte, uma serenidade de espírito que o impaciente não conhece.

O homem que pratica a paciência sob o influxo benéfico de sua consciência sabe que para ele nada termina. O contrário sucede ao que, carecendo dela põe fim por si mesmo àquilo que não devia excluir de suas possibilidades. Para o primeiro, cada coisa pode seguir existindo em sua razão o tempo que requer a conquista de seu objetivo; para o segundo, cessa toda continuidade.

Pode dizer-se com justiça: o segredo dos êxitos que o homem pôde obter na conquista do bem residiu na paciência ativa manifestada na perseverança, no trabalho ininterrupto, na consagração e, também, nessa fé consciente que se vai arraigando na alma, favorecida pelas próprias comprovações.

Por Carlos Bernardo González Pecotche

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